terça-feira, 3 de agosto de 2010

Prince of Persia



O melhor: Um Prince of Persia de verdade | O pior: A desconfiança causada pelo filme.

Em 2008, a Ubisoft decidiu que uma de suas franquias mais clássicas precisava de uma repaginada. Novos personagens, nova ambientação e novas mecânicas surgiram, mas acabaram por não agradar tanto assim. “Prince of Persia: The Forgotten Sands” é uma mescla das coisas que deram certo nesse reboot com os fundamentos da aclamada trilogia “Sands of Time”, e apesar de levar o mesmo nome do recém lançado filme, não é uma mera adaptação. E fique certo de o que você vai encontrar também não é apenas mais do mesmo.

Elementos novos foram adicionados e, nostalgia à parte, é o verdadeiro destaque aqui. Além das já conhecidas habilidades de Lê parkour e controle temporal do príncipe, um novo sistema de evolução está presente. Agora o protagonista conta com uma grade de habilidades com diversos caminhos diferentes, ficando a seu critério quais habilidades ou upgrades devem ser abertos a cada nível ganho.

Por mais estranho que possa parecer, esses pequenos elementos de RPG não destoam do restante do jogo. A experiência necessária para subir níveis vem das batalhas que acontecem naturalmente e momento algum você precisará focar nesse aspecto do jogo - ele está lá para acrescentar, com um fluxo contínuo e quase imperceptível ao jogador e que não subtrai nada da experiência como um todo.

E falando em inimigos, esta é outra novidade. O jogador enfrentará hordas de monstros de areia que podem chegar a até 50 deles simultaneamente! E não pense que isso faz deles inimigos frágeis que caem com apenas um golpe. Além de alguns serem bem fortes, eles podem se mover em grupos ou individualmente, mas sempre atacando como uma unidade. Acima de tudo, enfrentar esse bando de inimigos utilizando as diferentes combinações possíveis das novas habilidades do príncipe garantirá momentos épicos.

Se tudo isso ainda não for o suficiente para convencer de que o game deve ser levado a sério, saiba que há mais. A gama de novas habilidades não se restringe apenas aos combates. Magias baseadas em elementos da natureza juntam-se ao controle do tempo e se atrelam a level design de forma criativa e original. Com o poder de gelo, por exemplo, o príncipe pode transformar quedas d'água em plataformas e com isso criar novas rotas para usar suas habilidades acrobáticas.

Os estágios foram todos construídos de forma parecida com tomadas de um filme de ação - segmentados, mas sempre formando uma sequência uniforme. O jogador levará o príncipe de um lado de um precipício ao outro, para no momento seguinte ativar uma de suas habilidades e dar prosseguimento a ação quase ininterrupta. Quase. Porque, afinal, cometer erros é fator comum em qualquer jogo, e não seria diferente em "PoPTFS", a não ser por um simples motivo: errar faz parte da diversão. O controle do tempo está presente no game justamente para isso.

O jogo altera entre bons e maus momentos, no entanto, a mecânica de controle do tempo ajuda a amenizar o problema. Geralmente, uma volta no tempo para mais uma tentativa é o suficiente para que um erro na hora de executar um salto não se repita. Isso porque os controles não pecam em nada. Todas as ações que você precisará executar com o príncipe estarão mapeadas naturalmente nos controles, seguindo os padrões já estabelecidos pelos games anteriores da franquia. Coisa que também se aplica na hora dos combates.

Mesmo o príncipe tendo aparentemente se esquecido como se bloqueia ataques inimigos, controlar o personagem na hora do quebra-pau nunca foi tão divertido. Ou melhor, detonar hordas de inimigos com controles simples mas muito eficazes e usando de artimanhas dignas de um ninja da arabias provou ser um dos novos pontos fortes da franquia. Justamente o defeito mais apontado por críticos da série até então.

Já com relação a parte gráfica, não é preciso dizer muito além de que a engine usada é mesma que equipa "Assassin's Creed II". E, apesar do jogo provavelmente não concorrer a nenhum prêmio nesse aspecto, ele não deixa a peteca cair.

Na falta de texturas mais detalhadas ou modelos fotorrealistas, a direção de arte do game prima pela diversidade e pelas escolhas que servem para ambientar o jogador no clima de fantasia característico de "Prince of Persia".

Clima que aliás, também dá o tom ao enredo do jogo que se passa entre os acontecimentos "Sands of Time" e "Warrior Within", contando com uma passada rápida e até levemente descompromissada, mas que como um bom filme blockbuster consegue manter o jogar entretido na maior parte do tempo, mesmo que no dia seguinte ele já nem se lembre mais da história contada nele. Algo que, inclusive, fica evidente até pelo jeitão Jack Sparrow de ser do nosso novo-velho príncipe.

Com lançamento simultâneo ao filme, talvez em uma tentativa de diluir os custos de divulgação e, por que não, apostar em vendas impulsionadas por isso, a Ubisoft pode ter dado um tiro no próprio pé.

Afinal de contas, chegamos a um ponto em que chega ser difícil começar um review de um jogo que tenha um filme homônimo passando nos cinemas sem avisar logo de cara que ele não a bomba que todos estamos acostumados a esperar. Então, pelo menos dessa vez, talvez seja uma boa ideia dar uma chance antes de "julgar o game pelo filme". Vá por mim, você não vai se arrepender.